Com o início do conflito dia 24/02, diversas matérias-primas já apresentaram alta nos preços. Como é o caso do gás natural. A Rússia fornece cerca de 40% de todo gás consumido na Europa. Nesse período, o aumento já foi de 52%. Esse aumento impactará também na energia elétrica e, consequentemente, nos custos industriais. Além disso, o gás natural faz parte da produção de fertilizantes nitrogenados e fosfatados, afetando assim diretamente o preço desses insumos.
Além do mercado da Europa estar amplamente afetado, há também grande impacto na indústria interna da Rússia. A Rússia é a segunda maior produtora de potássicos e nitrogenados do mundo e a quarta maior em fosfatados. É de se esperar alto impacto no mercado de Nitrato de Amônio e Cloreto de Potássio mundialmente. A Rússia também é forte potência em micronutrientes como cobre, molibdênio, zinco e cobalto. Com as sanções que a Rússia vem recebendo tanto da Europa como dos EUA, o comércio internacional do país tende a encarecer ou até mesmo ser suspensa.
Ontem, dia 03/03, foi divulgada a suspensão de exportações de fertilizantes para o Brasil. O anúncio foi feito pelo embaixador Sergey Lukashevich que explicou que o país foi obrigado a suspender o comércio já que a Lituânia fechou as fronteiras e impede acesso ao corredor logístico. A saída para o Brasil é aumentar a compra em outros países, como Canadá e Irã.
O Brasil é ainda muito dependente da Rússia nesse mercado. Cerca de 23% de todo fertilizante importado é de origem russa. No caso do Nitrato de Amônio, a Rússia é o único fornecedor do país.
Comparando as importações dos principais nutrientes, mais de 15% do nitrogênio e fósforo importado vem da Rússia e quase 30% de todo potássio.
Sem essa oferta do mercado, atendência é que o preço dispare. No último ano, o preço dos fertilizantes já subiu 155% e a tonelada do potássio apresentou quase 270% de aumento.
Com essa perspectiva, é importante pensar em formas de economizar no uso de fertilizantes. Pensando nisso, a EMBRAPA lançará nas próximas semanas a Caravana FertBrasil, com um dos principais focos em orientar os produtores a realizar análises de solo no início da safra para saber exatamente o que precisa ser reposto no solo, evitando assim desperdícios de fertilizantes e dinheiro.
Com esse projeto, a estimativa é de aumentar a eficiência do uso de fertilizantes de 60% para 70% e gerar uma economia de $ 1 bilhão na próxima safra. Além disso, a Caravana FertBrasil está entre as medidas de curto e médio prazo do Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir a dependência externa por importação de produtos e tecnologias.