Após a batalha para evitar a entrada desenfreada de alho chinês no Brasil, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior (Camex), decidiu que a medida antidumping vale para qualquer classificação do produto.
Os produtores brasileiros de alho, cultura com investimentos pesados em cidades na Serra Gaúcha, estavam preocupados com as manobras jurídicas - como liminares e ações judiciais - concedidas para importadores se livrarem do pagamento da tarifa antidumping imposta pelo governo.
O receio dos produtores era que, com o avanço das liminares e com a queda do dólar, a entrada do produto importado continuasse a crescer ainda mais, comprometendo o futuro de agricultores de polos como o da região.
Diante dessa situação, a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) solicitou uma revisão no escopo do antidumping para evitar brechas que questionassem a classificação do alho chinês.
Publicada no Diário Oficial da União no dia 7 de julho, a medida foi aprovada de acordo com as solicitações da Anapa. “Pelo menos com base em classificação, nós iremos acabar com todas essas liminares que vêm atrapalhando demais o setor produtivo”, declarou o presidente da entidade, Rafael Jorge Corsino, em um pronunciamento no site da Anapa.
A partir de agora, todos os alhos asiáticos frescos ou refrigerados, independentemente de qualquer classificação, estão sujeitos à incidência do direito antidumping instituído pela Resolução CAMEX nº 80, de 3 de outubro de 2013.
O resultado dessa onda de liminares ficou evidente na balança comercial. No ano passado, a importação saltou 67% e, hoje, uma em cada três cabeças de alho consumidas no país vem da China. Em alguns casos, o tempero de fora chega mais barato do que o custo de produção nacional.
O preço do alho chinês não é inferior ao produzido Rio Grande do Sul devido a taxações cobradas na hora da importação, uma prática comercial para evitar a concorrência desleal entre produtos nacionais e importados.
Conforme informações do site G1 RS, o custo de produção para os produtores de alho na Serra Gaúcha é de R$ 80 a cada caixa de 10 kg. Com as duas taxas de importação vigentes, o alho chinês chega ao Brasil custando cerca de R$ 100 por caixa. Sem as taxas, o valor do alho chinês cairia para R$ 55, inviabilizando a produção nacional.